terça-feira, 30 de outubro de 2018
PEDRAS
Para Lucí Barbijam
São como seixos
Esses meus versos
Pedras no caminho
Que recolho e guardo
Vez por outra, paro
Aprecio o colorido e a forma
Se alguns brilham
Outros são céticos
Pedras
Pedras, é o o que são
Ao raciocínio metódico
Pedras, é o que são
Sim
Sim, o raciocínio está certo
Apenas pedras, eles são
Na minha infância,
Meu pai
Montara uma estante de madeira
No porão da nossa casa
Enorme
Onde acomodei as pedras
Que juntei nos caminhos
E as que me foram dadas com amor
Acho que ele, sem falar
Também amava minhas pedras...
Tinha uma
Que parecia chocolate lambido
Revelei-a para minha prima
Já em minha mão
Ofereci...
Que reação!
Uma pedra entre os lábios
Gatuno, peralta, rufião!
Minhas pedras tem alma...
Tinha outra
Que encontrei no chão
Da casa da minha tia
Polida, redonda, rosácea
Recolhi
Bom moço, não!
Para o meu acervo
Mais um pecado
Recolher pedras do chão
Havia, também
O meu tesouro
O achado de Piratuba
Brilhava
Ela brilhava muito
Aos meus dez anos
Com dezenas de pontas pequeninas
Furunguei os livros
A enciclopédia colorida
E o diagnóstico
É calcita azul!
Não havia dúvida
Minha preciosa...
Calcita azul...
Quando meu pai vendeu a casa
Recolhi minhas pedras
Em caixas de papelão
E encerradas no escuro
Foram se perdendo, uma a uma
Fui crescendo
E, racional, desfiz meu tesouro
Refiz meus caminhos e meus sonhos
O raciocínio metódico tem a razão
Ele tem a razão
Mas, não sei porque
Novamente passei a juntar
Pedras que encontro
É o meu coração...
E ele lembra mansinho
Que as pedras dos caminhos
Antes de obstáculos
Elas são a felicidade
De quem se detém para vê-las
Faz tempo, apreendi
Que a razão
Não dá sentido à vida
E o método
Não dá sentido aos versos
Esses meus versos
Pedras são
São as pedras dos caminhos
Que recolho e guardo.
JULIANO DE ROS (2018)
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Legal, João Batista!
ResponderExcluirPoesia na vida das pessoas!
Abraço,
Juliano
Lindos versos, Juliano!
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