Maré Serena
Envelhecer, sim, mas não se apagar,
feito sol que se deita, mas sempre embriaga.
Rugas dançam no rosto, traços do tempo,
memórias bordadas no sopro do vento.
Já não corre como antes, mas sabe o caminho,
não precisa de pressa, só de carinho.
Seus olhos, agora, veem mais do que viam
o que vale é a calma das coisas que cree.
Sonha com a casa de janelas abertas,
onde o mar sussurra promessas discretas.
Ali, entre conchas e tardes douradas,
deixaria as dores nas ondas levadas.
O sal em seus cabelos seria coroa,
a liberdade, enfim, sua única pessoa.
Envelhecer perto do mar, que desejo sereno —
ser inteira, tranquila, sem peso, sem veneno.
Rosângela Hambsc
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