quarta-feira, 27 de maio de 2020
domingo, 24 de maio de 2020
SOLIDÃO
Sei. Já não te importa se vivo ou morro,
Se estou bem ou não.
O mundo gira, e é mentira,
Nunca voltamos ao mesmo lugar!
Vivo, a cada amanhecer,
Na expectativa de tua volta.
Morro, a cada amanhecer,
Em tua ausência.
Não há o que faças para extinguir
Dentro de mim tão grande amor.
Em meio à multidão, rostos
Alegres, tristes, olhos famintos,
Sedentos de sexo e amor.,,
Por mais que eu viva, jamais irei conquistar-te
Ainda que eu morra, a eternidade será breve.
Procuro-te sem achar-te.
Vejo-te em cada rosto, cada olhar.
Na busca insana, imperceptível,
A dor de não achar-te,
Queima-me os olhos, os ossos,
E já não vejo o pai, a mãe,
A criança, o animal...
Meu mundo é teu rosto
Numa fotografia!...
Billy Falcão
quarta-feira, 13 de maio de 2020
ADEGA VAZIA - (Trilogia do Vinho)
Nos vidros quebrados de minha adega vazia
ondulações abertas trazem saudades úvidas
que vincam rugas só em mim bebidas
nesse néctar fruído, força de não ter força
delicia que repousa, fermentada
no teor do açúcar, na amargura da falta
pingando entre as safras do fruto
sobre a capa da lembrança do gozo
ninguém percebe e se embriaga
com os olhos encharcados de uvas
réstias de sumo nas unhas do vinheteiro
sustentadas sob parreirais a colmo
sustos da videira-versículo
que em milagre faz da água, vinho
sangue sagrado do Cristo que vinha
surpreender com o mais puro prodígio
purgando pústulas com o sangue dos cachos
no verde das vinhas, à casca do fruto
maduro, sob a pele dos dias
sob a crosta da sobriedade
emerge o inusitado sabor
de querer ser, da poesia, bicho bravo
e então deslembrar tudo
esvaindo-se o vinho e o verso
na imensidão escrita dos cacos.
Uili Bergammín Oz
quarta-feira, 6 de maio de 2020
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