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quarta-feira, 24 de julho de 2024

 

SONETO XVII

(...)

Amo-te como a planta que não floriu
e tem dentro de si, escondida,
a luz das flores, 
e graças ao teu amor, 
vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como,
nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem 
problemas nem orgulho:
amo-te assim porque 
não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que 
nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão 
no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos
se fecham com meu sono.

PABLO NERUDA

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