P o e t a E s c r i t o r J. B A T I S T A

P o e t a E s c r i t o r J. B A T I S T A
P O E T I Z E M - S E

quarta-feira, 18 de junho de 2025

 ENTRE SILÊNCIOS


No pátio velho o pai caminha lento

seu passo raso desenha a lembrança,

do tempo moço resta o sentimento

mas hoje é o filho quem leva a esperança.

Pisaram juntos sonhos tão diversos

em estradas que o tempo desenhou,

o pai traz versos gastos quase inversos

ao som da nova rima que chegou.

A mão que já guiou arado e destino

hoje treme a cuia ao tentar erguer,

mas tem no gesto antigo e cristalino

na força a saudade do bem-quer.

De outrora, o pai foi verbo e direção

com olhos cheios de mapas e certeza,

hoje sesteia à sombra do galpão

junto ao seu filho ouvindo a natureza.

Não há lição mais funda que esse instante

em que o silêncio pesa como chão,

o pai que já foi um grande gigante

agora é sombra leve na amplidão.

Seguem olhando ao longe, e vão calados

costurando o tempo em passos diferentes,

um leva os dias lentos e curvados

o outro aprende com silêncios ausentes.

ALBERTO SALES

Um comentário:

  1. Poeta/Escritor Batista, agradeço pela sensibilidade em postar este meu humilde decassílabo. Um fraterno abraço!

    ResponderExcluir